Vale a pena aumentar área de trigo?

Muito se tem falado sobre a possibilidade de aumento da área de trigo, até com bons argumentos, como os atrasos nos plantios de soja e milho safrinha, que abririam mais oportunidades para aumentar a área de trigo. “É possível que realmente aconteça, mas gostaríamos de chamar a atenção para três fatores que poderão ser impeditivos para a expansão, ou até mesmo a manutenção das áreas de trigo no RS, para a safra 2023/2023”, aponta a Consultoria TF Agroeconômica.

De acordo com ele, o primeiro deles é financiamento: “Não há clareza se haverá recursos suficientes e a que taxa de juros para que o produtor possa implantar suas lavouras de trigo. Na safra 2022 muitos produtores encaminharam financiamentos, plantaram, colheram e os recursos não foram disponibilizados, tendo o produtor que arcar com encargos financeiros junto às revendas”.

“O segundo deles é seguro: Em um ano que se fala em El Niño típico, mister se faz ter cobertura por seguro para as áreas. Mas não se tem clareza ainda se haverá seguro para todas as áreas e a que preços”, afirma o analista sênior da Consultoria TF Agroeconômica, Luiz Pacheco.

O terceiro deles, afirma o especialista, é a relação “custos x preços: Em um primeiro levantamento feito, os custos obtidos são na casa de R$ 3.800,00 por hectare (computados aí os desembolsáveis + juros e seguros). É fundamental que o produtor plante olhando os preços futuros nos mercados globais (França, Argentina, Rússia, Ucrânia) que concorrem diretamente com o produto local”.

Projeta-se uma nova safra recorde, portanto o que balizará os preços, ao menos na colheita, será o preço de exportação, que hoje aponta para US$ 265,00 FOB estivado em dezembro, ou seja, na casa de R$ 1.280,00 a saca no porto. Se considerarmos um frete médio no RS de R$ 120,00 estaríamos falando em R$ 1.160,00 para produto limpo e seco no interior, ou seja, o ponto de equilíbrio vai para praticamente 55 sacas por hectare.

“Qual a reação do produtor a tudo isso? A quanto deve subir Chicago para voltar a entusiasmar os produtores brasileiros? E, se não subir, onde colocar a sobra da safra 22/23 mais toda a safra 23/24? E, com esta grande sobra, maior que a atual, a quanto cairão os preços? Entre outras conclusões, serve para mostrar a falta que faz o marketing do trigo brasileiro no exterior, como faz a US Wheat Associates”, conclui Pacheco.

Fonte:Agrolink

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