Tabaco é matéria-prima para vacinas

Mundialmente o tabaco tem sido usado como base para a produção de imunizantes, sendo para para vacinas contra diversas doenças. Em 2017 pesquisadores do Centro John Innes, na Inglaterra, “enganaram” plantas de tabaco para a produção da vacina da poliomielite (paralisia infantil). Nos estudos eles usaram o código genético do vírus da pólio para fabricar a parte externa da partícula e combinaram esse material com informações de um vírus do solo que infecta plantas como a do tabaco. Com a infecção em curso, as plantas então leram as novas instruções genéticas e começaram a fabricar partículas similares ao vírus.

As folhas infectadas eram misturadas com água, e a vacina da pólio foi extraída.As partículas similares ao vírus preveniram a pólio em experimentos com animais, e uma análise de sua estrutura de 3D mostrou que eles eram quase idênticos ao vírus da poliomielite.

Geralmente as vacinas são cultivadas em ovos de galinha e levam meses para se desenvolver. O uso de plantas têm simplicado o processo. Segundo a equipe, o processo é barato, fácil e rápido. Ao identificar a cepa do vírus o processo de criação do imunizante duraria cerca de quatro semanas.

Em 2011, a Fiocruz começou a estuda uma vacina contra a febre amarela produzida nas folhas de uma espécie de tabaco. O gene responsável e o colocam na folha da Nicotiana benthamiana, um tipo de tabaco. Conforme a planta vai crescendo, ela vai produzindo os antígenos.

Atualmente a British American Tobacco (BAT), multinacional do setor de tabaco, desenvolve uma vacina contra a Covid-19. Em 13 de julho de 2020, a Medicago, empresa bioquímica do Canadá, controlada parcialmente pela Philip Morris International, iniciou os testes de sua vacina em humanos. No entanto, a novidade é que a fabricação da candidata a se tornar vacina é baseada na Nicothiana Benthamiana, também conhecida como tabaco selvagem, que é uma planta nativa da Austrália e considerada prima da espécie do tabaco utilizado para a produção de cigarros e charutos, a Nicotiana tabacum. A empresa canadense planeja produzir 100 milhões de doses da vacina até 2021.

Também recentemente pesquisadores ingleses usaram tabaco para fazer a extração e purificação das partículas semelhantes à do vírus da dengue e mostraram estimular uma resposta imune ao vírus em experimentos com camundongos. Segundo os especialistas, o uso do metabolismo vegetal para produzir essas moléculas oferece potencialmente uma solução acessível e de baixa tecnologia para o desenvolvimento de vacinas.
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O estudo ainda é experimental, mas já aponta como uma solução para a produção de imunizante a doença, que causa mais de 390 milhões de infecções por ano, em todo o mundo.

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