No mundo animal existe um instinto de hierarquia, e se o suinocultor não souber lidar pacientemente com a questão, pode amargar prejuízos. As boas práticas de manejo nas creches, onde os leitões permanecem por aproximadamente seis semanas, incluem cuidados para diminuir o stress dos animais pós-desmame. A ansiedade no período pode acabar gerando um comportamento anormal entre eles, ou seja: brigas.

Lesões de pele: sofrimento para os animais, prejuízo para os produtores
Os leitões nascem com pelo menos oito dentes. Quando chegam às creches, os animais estão se adaptando às novas instalações e encerrando o ciclo patológico da maternidade. Leitões estressados podem manifestar comportamentos anormais mordendo as caudas uns dos outros, a orelha ou provocando sucção do umbigo. São problemas graves que podem evoluir para severas infecções e comprometer a integridade e a saúde dos animais, causando muito sofrimento. Além disso, lesões de pele provenientes de brigas se traduzem em prejuízos econômicos. Os produtores devem estabelecer um relacionamento positivo com os animais, estimulando de quatro a cinco vezes por dia o consumo de água e ração e até mesmo falando com os filhotes, já que os suínos são bastante sociáveis.

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Bem-estar animal
O processo de chegada ao berçário pode ser muito estressante para os leitões. Envolve novos ambientes, odores, novas comunicações e a mudança da alimentação líquida para a sólida. Temperatura confortável, ventilação eficiente, alimentação e água à vontade e de qualidade para que não haja competição, um ambiente higienizado e livre de contaminações e baias sem lotação excessiva garantem o bem-estar animal. Alguns produtores também colocam atrativos nas baías dos leitões para distrair os animais, que são bastante ativos e curiosos, e evitar agressões ou atos de canibalismo. A prioridade é fazer com que os suínos se sintam à vontade nas granjas.

Linha de domínio instintiva
Os suínos tendem a formar grupos com estrutura social bem definida e hierarquia de dominância. Para evitar o comportamento agonístico nas creches, ou seja, quando os animais mordem ou brigam entre sí, os leitões podem ser separados por peso ou sexo. “São como crianças. No desmame, os leitões são separados da sua família, da sua mãe e dos seus irmãos de leitegada, e misturados a outros animais de outras leitegadas de uma mesma maternidade. Eles perdem sua estabilidade social e sua referência. Quanto mais misturados os leitões, maiores serão os desafios de adaptação. Não é indicado desmamar os leitões com menos de 21 dias”, explica a médica veterinária Juliana Ribas. Na linha de domínio, geralmente estão os animais de maior porte ou com maior idade sexual. O lugar mais baixo é ocupado pelos animais mais fracos ou de menor tamanho.