Analista de mercado prevê disparada em Chicago. No Brasil, cenário não é negativo
A China estaria disposta a comprar até 30 milhões de toneladas de soja norte-americana, de acordo com reportagem da sucursal de Beijing do Financial Times. Se isto realmente acontecer, o que pode acontecer com os preços – em Chicago e no Brasil? Quem responde é o analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Pacheco.
Na Bolsa de Chicago, o especialista projeta que a soja voltaria para os níveis de US$ 10,50/bushel: “Seu leito natural. Isto significa que não vai acontecer do dia para a noite, mas gradativamente, à medida que estas compras forem sendo colocadas. Por outro lado, os chineses são mestres da negociação. Não sairão impulsivamente no mercado fazendo compras, para não inflacionarem os preços. Serão compras lentas e graduais, pelos próximos 11 meses e meio, numa média de 2,73 milhões de tons/mês, o que não é muito”.
Em relação Brasil, de acordo com ele, estas compras chinesas “não tirariam a demanda da China do País, porque a necessidade do país asiático é de aproximadamente 83 milhões de toneladas. Em segundo lugar, o movimento mais comum, nos dois últimos anos, desde que Trump iniciou a Trade War contra a China e o resto do mundo, é que, no que diz respeito à soja, à medida que Chicago avança, os prêmios no Brasil diminuem – embora não exatamente na mesma proporção”.
“Chicago teria que avançar 127 pontos e os prêmios do Brasil diminuir a um máximo de 127 pontos. Mas, digamos que só diminuam 105 pontos, deixando um prêmio positivo de 22 pontos (o que será muito, porque os da Argentina já são negativos 35 pontos hoje, antes desta alta). Então, o preço final FOB nos portos brasileiros ficaria ao redor de US$ 394/tonelada, contra os atuais US$ 375,00/t, uma alta de US$ 20,0/tonelada”, prevê Pacheco.
Segundo o analista, isso aumentaria o preço final no interior em aproximadamente R$ 5,00/saca sobre os preços atuais – passando de R$ 83,00 em Ijuí/Passo Fundo, para algo ao redor de R$ 88,00 e o mesmo em Cascavel/Maringá, por exemplo e proporcionalmente, nas demais praças.
“Também vai depender muito da cotação do dólar no Brasil. Se, por outro lado, nossa expectativa de prêmios para a soja brasileira não se confirmar e eles caírem aos atuais níveis argentinos, os preços permaneceriam praticamente iguais aos de hoje, com pequenas variações. Então, nossa expectativa sobre esta notícia é a mesma de a meses atrás, quando projetamos esta possibilidade pela primeira vez. O preço não deve estourar, no Brasil (embora estoure nos EUA), mas oscilar apenas um pouco para cima”, conclui.
Por: Agrolink -Leonardo Gottems