Os produtores brasileiros devem ficar atentos aos cuidados com as ervas daninhas nas plantações. Especialmente porque na Argentina o cenário já é complicado e há resistência a diversos químicos disponíveis no mercado como Glifosato e Cletodim. O engenheiro agrônomo e coordenador de marketing da multinacional Rotam do Brasil, Lucas Cavallari, destaca que os argentinos enfrentam dificuldades principalmente com a erva daninha Amaranthus palmeri, uma espécie de caruru.
Esta é uma das plantas daninhas mais difíceis de controlar por conta de suas características biológicas, como a alta capacidade adaptativa, por produzir em média cerca de 200 mil sementes por planta, o formato da semente auxilia na rápida disseminação e em condições ideais possui um rápido crescimento (entre 2,5 e 4 cm por dia). Além disso, apresenta resistência a produtos químicos com diferentes mecanismos de ação.
Um estudo publicado em 2019 no jornal “Agricultural and Food Chemistry” relatou a caracterização dos mecanismos de resistência para glifosato de plantas de A. palmeri colhidas em uma lavoura de soja na Argentina. “Orientamos que o produtor fique atento se encontrar a presença de A. palmeri na lavoura. O monitoramento feito periodicamente e a identificação precoce auxilia no controle da disseminação da espécie, evitando perdas significativas na produção”, aponta o coordenador.
Proximidade com a Argentina
Considerando a proximidade e intenso intercâmbio entre Brasil e Argentina, o relato de resistência de A. palmeri no País vizinho preocupa. “Essa erva daninha possui 51 biótipos que já tem resistência a diversos grupos de herbicidas, principalmente ao Glifosato”, diz. Além dessa, a Digitaria sanguinalis também causa dor de cabeça por lá. “Essa situação os leva a fazer um manejo químico com três ou quatro herbicidas diferentes para tentar o controle dessas plantas”, explica Cavallari.
Antevendo os problemas que poderão ser enfrentados pelos agricultores brasileiros, pois conforme relata Cavallari, regiões de fronteira do Brasil com o País vizinho e Paraguai estão também começando a apresentar as mesmas situações de resistência, uma equipe de profissionais da Rotam esteve visitando recentemente as lavouras argentinas. O objetivo foi a troca de informações e conhecimento sobre manejo e resultados dos herbicidas. “A resistência ao Amaranthus já foi identificada em algumas lavouras nas áreas de divisa. E a Rotam projeta em seu pipeline de produtos (intenção de vendas) para os próximos cinco anos com cerca de 40% a 50% formado por herbicidas. Exatamente prevendo essa dificuldade que o produtor brasileiro vai encontrar pela frente”, completa o profissional.
Ferramentas de prevenção
De acordo com pesquisadores da KSU, a Sociedade Americana de Ciência de Plantas Daninhas (WSSA, na sigla em inglês) os danos pela erva daninha vão desde perdas de produtividade até inviabilização da colheita. Na cultura do sorgo, as perdas são de cerca de 50%. No algodão, chega a 59%; na soja, a 79%; e no milho a 90%. Ou seja, é muito importante prevenir a infestação da espécie.
Segundo o engenheiro agrônomo da Rotam, utilizar medidas únicas de controle vai selecionar a resistência. “O que recomendamos é fazer um manejo com diferentes grupos químicos de herbicidas, para que ocorra a quebra de resistência na área aplicada, quando você coloca esses produtos de diferentes grupos, esta planta resistente a um determinado grupo químico, irá morrer em virtude dos demais utilizados juntos, amenizando a resistência”, explica Cavalari.
Além disso, o profissional indica a utilização de cobertura de solo e rotação de culturas, o que contribui para uma desaceleração da resistência de ervas daninhas em território brasileiro.
Fonte: Agrolink