Aqui no Mercosul, a tonelada FOB para exportação girou entre US$ 226,00 e US$ 235,00 na compra
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O primeiro mês cotado, que estava em US$ 5,23/bushel no dia 20/12/18, acabou fechando esta quinta-feira (14/02) em US$ 5,07. A média de dezembro/18 ficou em US$ 5,17/bushel, enquanto a de janeiro/18 ficou em US$ 5,16.
Nestes últimos quase 60 dias a cotação sempre esteve nestes níveis, não havendo grandes notícias que pudessem modificar o quadro.
O relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado em 08/02 (lembramos que o de janeiro não saiu devido aos problemas orçamentários junto ao governo estadunidense) manteve a safra dos EUA em 51,3 milhões de toneladas em 2018/19, enquanto os estoques finais foram aumentados para 27,5 milhões. A produção mundial de trigo foi aumentada para 734,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais recuaram para 267,5 milhões. As mudanças em relação a dezembro foram mínimas. A produção da Argentina está em 19,2 milhões de toneladas, a da Austrália em 17 milhões, a do Canadá em 31,8 milhões e a do Brasil em 5,4 milhões de toneladas. Nosso país, segundo o USDA, deverá importar 7,5 milhões de toneladas de trigo em 2018/19. Neste contexto, o preço médio ao produtor dos EUA, para esta temporada, foi mantido entre US$ 5,05 e US$ 5,25/bushel, contra US$ 4,72 em 2017/18 e US$ 3,89/bushel em 2016/17.
Ajudou a manter o mercado nestes níveis o sentimento de certo otimismo em relação a possibilidade de um acordo final entre EUA e China até o início de março. Além disso, as exportações de trigo, por parte dos EUA, estiveram positivas durante as últimas semanas, com reportes de venda para o Egito e a Nigéria.
Aqui no Mercosul, a tonelada FOB para exportação girou entre US$ 226,00 e US$ 235,00 na compra.
Já no Brasil, o preço de balcão gaúcho subiu durante o nosso recesso. O saco de 60 quilos, que estava em R$ 39,79 na última semana do ano de 2018, alcançou a R$ 41,34 na atual semana. Isso representa um ganho de 3,9% no período. Já os lotes no mercado gaúcho fecharam esta segunda semana de fevereiro entre R$ 48,00 e R$ 49,20/saco. No Paraná, o balcão trabalhou com médias entre R$ 44,00 e R$ 50,00/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 54,00 e R$ 55,20/saco. Em Santa Catarina o balcão ficou entre R$ 42,00 e R$ 43,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos se estabeleceram na média de R$ 51,60.
De forma geral as atuais cotações estão 30% acima do praticado no ano passado, nesta época do ano, no Paraná e 50% acima no Rio Grande do Sul.
Sabe-se que, pelo segundo ano consecutivo, a qualidade das lavouras brasileiras foi ruim, apesar de nesta última safra o volume colhido ter sido melhor, atingindo a 5,2 milhões de toneladas, contra 4,4 milhões no ano anterior. Assim, o volume disponível de trigo superior já é limitado nesta época do ano. Todavia, mesmo assim não haveria muito espaço para novas altas no valor do produto, pois com um câmbio ao redor de R$ 3,70 as importações ficam mais competitivas e o Mercosul, desta vez, possui muito produto disponível para exportação. Talvez, mais tarde, a oferta argentina venha a diminuir, podendo provocar uma nova recuperação nos preços do cereal brasileiro. Mesmo assim, por enquanto, o viés continua sendo de alta lenta nos preços do produto nacional.
É bom lembrar que a Argentina já exportou bastante trigo neste ano comercial 2018/19, embora sua disponibilidade tenha subido para 12,5 milhões de toneladas, contra 11 milhões no ano anterior.
Neste contexto, como sempre, o comportamento do câmbio no Brasil será decisivo para definir os preços do trigo para o restante do ano, pois o país terá que importar entre 7 a 7,5 milhões de toneladas para dar conta de sua demanda, não importando o custo do produto comprado no exterior. Assim, uma desvalorização do Real tende a elevar o preço do trigo nacional, pois as importações ficam mais caras. Em caso contrário, a tendência é de um mercado estável ao redor dos atuais níveis, com algumas oscilações para cima na entressafra.
Por: CEEMA / UNIJUI