Produtores gaúchos já implantaram 442 mil hectares, o que representa 46,75% dos 946 mil hectares previstos para a safra
O plantio das lavouras de arroz da safra 2019/2020 segue a todo vapor no Rio Grande do Sul, conforme a disponibilidade do clima. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) estima que os agricultores gaúchos já semearam 442.439 hectares, o que representa 46,75% dos 946.326 hectares previstos para esta etapa. Os dados são da Seção de Política Setorial do Irga, com informações fornecidas pelo Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) e pelos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates).
Até o momento, a região mais adiantada é a Fronteira Oeste, com 217.556 hectares (74,93% dos 290.347 hectares previstos). Já a área Central está apenas começando os trabalhos, com 10.834 hectares (8,4% dos 128.792 hectares previstos). No 27º Nate, que engloba oito municípios dessa região, a previsão é de que sejam cultivados 15,9 mil hectares do cereal. De acordo com o engenheiro agrônomo José Fernando Rech de Andrade, técnico superior orizícola, a semeadura evolui diariamente.
“Com o tempo chuvoso, o cultivo mínimo com semeadoras em linha não tem condições de evoluir, pois necessita de solo seco, devendo retornar na segunda semana de novembro”, explica. No entanto, reforça que, pelo regime de chuvas, deverão avançar rapidamente as semeaduras de pré-germinado com cultivares de ciclo longo, cujo zoneamento agroclimático termina em 10 de novembro. “As variedades de ciclo médio e precoces ainda poderão ser implantadas até o fim de novembro e início de dezembro, respectivamente, quando houver condições de piso seco.”
Aposta em tecnologia
Aos 64 anos, o agricultor Julcy Leone Eidt dedicou toda a vida ao cultivo do arroz. Diante das adversidades da cadeia produtiva, acredita que é necessário buscar cada vez mais produtividade para ter sucesso nos negócios. “É preciso aprender com os erros, sempre aprimorar o trabalho e cuidar de perto a condução da propriedade. Também é importante investir em tecnologia e adubação, mas ao mesmo tempo buscar maneiras de baixar os custos produtivos da lavoura”, ensina.
Hoje, conduz lavouras de soja em Porto Dantzmann, no interior de Pantano Grande, e na localidade de Iruí, em Rio Pardo. No total, são 535 hectares de arroz nas duas áreas. “Estamos bem adiantados, faltam apenas 110 hectares.” O plantio, que começou no fim de setembro, é realizado no sistema semidireto, em rotação com a soja (que ocupa 715 hectares), e conta com o suporte técnico do Irga e da iniciativa privada. Na safra 2019/2020, a expectativa é superar os 200 sacos de arroz por hectare.
Situação – Região Central
– 27º Nate (Candelária, Novo Cabrais, Cerro Branco, Vale do Sol, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Cruzeiro do Sul): 2.371 hectares semeados até o momento, 15% do previsto (15,9 mil hectares);
– 5º Nate (Rio Pardo, Pantano Grande e Passo do Sobrado): 3.555 hectares semeados até o momento, 28,5% do previsto (12,5 mil hectares).
Semeadura chegou a 28,5% no 5º Nate
A implantação da lavoura arrozeira no 5ª Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) começou no dia 10 de setembro, com expectativa de atingir 12,5 mil hectares. Até o momento, os orizicultores semearam 3.555 hectares, um total de 28,5% da área. Conforme o engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch, chefe do escritório do 5º Nate, o trabalho está ocorrendo dentro do esperado. “O clima nessa primeira quinzena de outubro colaborou para que os produtores finalizassem o preparo de solo e iniciassem a semeadura”, esclarece.
Já nos locais com maior percentual de áreas em rotação com soja, como ocorre no município de Pantano Grande, Tatsch destaca que os produtores conseguiram intensificar mais o plantio, pois suas áreas já se encontravam prontas. A tendência é que o serviço de implantação das lavouras siga até dezembro, dependendo de como ficar o clima de agora em diante. “O ideal é que finalizasse ainda em novembro.” No momento, o município mais adiantado é Pantano Grande, com 38,4% da área semeada (1.610 hectares).
Para esta safra, a projeção é de que haja redução de 9% na área do 5º Nate – de 13.690 para 12,5 mil hectares. Além disso, o agrônomo aponta uma diminuição no investimento em insumos por um percentual considerável dos orizicultores em razão dos altos custos de produção da cultura e baixa rentabilidade. “Somados estes dois fatores, teremos uma provável redução da produção total”, projeta. Outro gargalo da cadeia produtiva orizícola, conforme o especialista, continua sendo o baixo valor pago pela saca de arroz ao produtor.
Por: Gazeta do Povo