Mofo Branco: Silencioso, mas feroz

Lidar com as doenças da soja já faz parte da programação dos produtores da oleaginosa. É uma preocupação permanente, sobretudo com inimigos mais comuns, que safra após safra tira o sono e o rendimento. Há alguns riscos, no entanto, que são mais traiçoeiros. Ficam invisíveis, às vezes durante anos, e quando aparecem provocam quebras severas na produção. Uma das doenças silenciosas que mais merece atenção é o mofo-branco. Causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, que se aloja no solo, e dependendo das condições climáticas pode passar despercebido por várias safras, podendo atacar também outras culturas importantes, como algodão e feijão, e tem potencial para causar perdas de até 70% nas lavouras.

O mofo-branco é uma patologia muito dependente do clima – e talvez por isso seu potencial de risco muitas vezes seja minimizado. Para que se manifeste, depende de condições ambientais específicas, em que os escleródios – estruturas de resistência do fungo – germinam. “A doença inicia seu desenvolvimento em temperaturas amenas [10°C a 24°C], alta umidade relativa e solo saturado, seja por chuva ou irrigação”, comenta Marcelo Rodacki, gerente de Desenvolvimento de Mercado da BASF. “Ela se instala no final da fase vegetativa e início da floração (R1), não permitindo que a soja se desenvolva”. O mofo-branco reduz o porte da planta, o número de vagens e de grãos na vagem, reduzindo a rentabilidade financeira do produtor.

O inimigo se espalha principalmente por meio maquinas e sementes contaminadas. Depois de alojado no solo, permanecerá ali para sempre. “Às vezes o produtor passa dois ou três anos sem ver o mofo-branco, sem o fungo atacar a soja. Mas quando aparece, dependendo do clima, pode vir com forte pressão e gerar grandes prejuízos”, informa Rodacki. Muitas vezes, ele pode ser invisível em um ciclo e devastador no seguinte. “De modo geral, a doença começa de maneira silenciosa, em reboleiras e áreas pequenas. Mas o processo de colheita, espalha o escleródio para uma área maior. Por isso, ela tem o potencial de aumentar muito de um ano para o outro”, enfatiza o especialista.

Segundo a campanha “Campo sem Escleródios” lançada pela BASF, em 2014 o mofo-branco já havia contaminado 6,8 milhões de hectares de lavouras de soja, 23% da área total da cultura naquele ano. Hoje, a incidência é estimada em 10 milhões de hectares, ou seja, 28,5% da área plantada. Como não é possível acabar com o fungo, a recomendação é que seja feito manejo preventivo, a começar com a escolha de sementes saudáveis, proveniente de produtores certificados. Elas devem ser tratadas, a fim de evitar possíveis transmissões do micélio dormente para plantas jovens. Em áreas onde a doença já foi detectada em safras anteriores, o ideal é fazer a rotação de cultura com espécies não hospedeiras, como gramíneas, e que preferencialmente tenham um alto teor de massa seca, para que ela trabalhe como uma barreira mecânica, inibindo a germinação do escleródio. Também é importante planejar a semeadura para não coincidir com períodos de alta umidade e temperaturas amenas, bem como prevenir o adensamento da cultura, utilizando espaçamentos maiores. Em lavouras sob pivô central, é recomendado evitar o excesso de irrigação durante a época que compreende a pré e pós florada.

O controle químico não pode faltar. Deve-se optar por produtos que tenham alta capacidade de contenção do mofo-branco e que consigam inibir a germinação do escleródio. A BASF disponibiliza ao sojicultor a solução Spot® SC, fungicida que combina dois mecanismos distintos de ação com os ingredientes ativos Boscalida e Dimoxistrobina. “Juntos, eles proporcionam a manutenção do potencial produtivo com a redução dos escleródios e o manejo da doença”, comenta Rodacki. “Mas aplicações tem de acontecer no início da floração, e intervalo de 10 dias para a segunda dose.”

Com base nos ensaios cooperativos de rede, realizado em 11 locais distribuídos nos estados do Paraná, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, na safra 2017/2018, o Spot® SC foi o fungicida que mais se destacou entre os nove avaliados. Na pesquisa, ele obteve o melhor nível de controle químico no tratamento com duas aplicações, chegando a 81%. Também foi o que apresentou maior redução na produção de escleródios, 74%, e a maior média de produtividade, com 4.558 kg/hectare.

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