Na última semana as entidades representativas dos produtores de tabaco estiveram reunidas com as empresas compradoras na segunda rodada de negociação do preço para a safra 2021/22. Participaram a Afubra, as federações da agricultura dos três estados (Farsul, Faesc e Faep), assim como a dos trabalhadores rurais dos três estados do Sul (Fetag, Fetaesc e Fetaep).
Depois de um intenso debate foi possível avançar nas negociações apenas com uma delas. As demais não aceitaram a proposta e ofereceram valores abaixo dos solicitados pelos representantes dos produtores.Na reunião chegou-se á proposta de 19,25% na tabela linear, o que significa o custo de produção e um ganho real de 5%, além do reajuste nas classes das posições O1 (plus), que passaram de R$ 0,50 para R$ 1,00. A proposta foi aceita e o protocolo assinado com a empresa JTI.
Segundo a Fetag-RS, há relatos de que as empresas estão praticando compra no campo com percentuais de aumento muito próximos ou até superiores ao solicitado pela representação dos produtores. Porém, elas optaram por não colocar o aumento na tabela, fazendo com que o reajuste praticado na presente safra não sirva de base para negociações das safras futuras. ” A Fetag-RS repudia a postura dessas empresas que pagam um valor para o produtor, mas que não colocam esses valores praticados na tabela”, diz uma nota divulgada pela entidade.
A Philip Morris, foi a única empresa que não participou das negociações de preço, pois não realizou o levantamento do custo de produção de conjunto, conforme havia sido acordado com as entidades na safra passada. A representação dos produtores está disposta a negociar preços com a empresa desde que ela reconheça o custo de produção levantado pelas entidades.
A BAT, a China Brasil Tabacos e a Premium Tabacos apresentaram novas propostas, mas os percentuais de reajuste ficaram abaixo do esperado, não oportunizando avançar as negociações. A BAT e a Premium Tabacos propuseram índices abaixo do custo de produção e a China Brasil Tabacos apresentou apenas o reajuste do custo de produção. A Universal Leaf Tabacos e a UTC trouxeram propostas somente nessa segunda rodada de negociações, mas que ficaram muito aquém do solicitado pelas entidades. As demais empresas não trouxeram novas proposições de preço.
Diante do cenário atual da safra, onde estima-se uma quebra de produtividade de aproximadamente 20% no volume de produção, os sindicatos dos trabalhadores rurais orientam os produtores a negociar a sua produção dentro do galpão e a só entregar o tabaco na empresa após ter a classificação acordada com o comprador. A representação dos produtores também exigiu que as empresas não apliquem a multa contratual aos produtores que optarem em vender a produção a outra empresa, uma vez que são as próprias empresas que estão fomentando as vendas para terceiros.
Na primeira estimativa de safra da Afubra, feita no final de 2020, os dados apontaram para uma produção de 606.952 toneladas no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. É uma redução de 4% em relação à safra passada. Os números finais devem também apontar para uma área plantada de 273.3 mil hectares – 20 mil ha a menos do que em 2019-2020.
Fonte:Agrolink