El Niño ameaça safra de café robusta

Com o El Niño iminente poderia causar estragos na indústria cafeeira mundial, com os principais produtores de grãos robusta, incluindo Vietnã, Indonésia e Brasil, se preparando para o golpe.

Prevê-se que o fenômeno climático iminente traga condições mais secas e quentes em todo o Oceano Pacífico tropical central e oriental. O Sudeste Asiático já experimentou um calor recorde em maio. Essa mudança nos padrões climáticos pode levar à redução do rendimento das safras nos principais países produtores de café do mundo, que já estão enfrentando seus próprios problemas relacionados ao clima.

Os grãos robusta, notáveis por seu sabor amargo e alto teor de cafeína, formam a espinha dorsal de muitas marcas de café instantâneo e misturas de café expresso. Com a produção de robusta do Brasil já sofrendo devido à seca e um aumento na demanda por alternativas mais baratas aos grãos arábica mais caros, há uma preocupação crescente com o aumento dos preços do café em todo o mundo.

A BMI, a unidade de pesquisa da Fitch Solutions, declarou em um relatório recente que a tão esperada transição para as condições do El Niño alimentou temores de uma queda na produção de café no Vietnã e na Indonésia. Além disso, fortes chuvas na Indonésia até o primeiro trimestre de 2023 impactaram negativamente a qualidade dos grãos, com o USDA prevendo um declínio de 20% na produção de robusta.

Em 2016, um evento semelhante do El Nino levou a uma queda global na produção de quase 10%, graças à escassez de água no Vietnã e na Indonésia. Shawn Hackett, presidente da Hackett Financial Advisors, sugeriu que a repetição desse cenário poderia levar a uma forte contração no mercado de robusta.

A iminente escassez de grãos robusta ocorre em um momento em que as pressões econômicas globais estão levando consumidores e fabricantes a optar pela alternativa mais barata aos grãos arábica. Os preços do café robusta subiram para uma alta de 15 anos de US$ 2.783 por tonelada no final de maio, com um déficit robusto de 4,16 milhões de sacas previsto entre outubro de 2023 a setembro de 2024.

Carlos Mera, chefe dos mercados de commodities agrícolas do Rabobank, projeta uma queda de 10% na safra de robusta para 11,2 milhões de sacas na próxima temporada. Esta queda deve agravar o aumento de preços já experimentado devido ao aumento da demanda, principalmente na Ásia e na Europa.

Como observou Natalia Gandolphi, analista da HedgePoint Global Markets’ Intelligence, “a mudança para o robusta mostra que os cafés mais baratos estão sendo fortemente preferidos pelo mercado europeu”.

O potencial de alta dos preços do café é uma grande preocupação tanto para os produtores quanto para os consumidores. Com uma preferência global cada vez maior por robustez, o iminente El Niño não poderia ter vindo em pior hora. A comunidade internacional estará monitorando esta situação de perto, pois a oferta mundial de café está em risco.

Fonte:Agrolink

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