China anunciou interesse em comprar mais produtos agrícolas estadunidenses
As cotações da soja em Chicago, após iniciarem estáveis esta nova semana, acabaram subindo fortemente nos dias seguintes, atingindo no dia 02/10 o seu maior valor desde julho passado e, de forma mais consolidada, desde fevereiro do corrente ano (US$ 9,19/bushel). Após várias tentativas, parece que finalmente as mesmas conseguiram romper o teto dos US$ 9,00. Resta verificar se isso terá continuidade. O fechamento desta quinta-feira (03/10) já foi mais fraco, chegando a US$ 9,11/bushel, contra US$ 8,88 uma semana antes. A média de setembro registrou US$ 8,77/bushel, contra US$ 8,56 em agosto.
Diversos foram os motivos que proporcionaram este movimento altista. Em primeiro lugar, as negociações entre EUA e China deverão ocorrer nestes primeiros dias de outubro, havendo sinais positivos de acerto entre os países, embora os EUA indiquem novo aumento de tarifas aduaneiras contra produtos chineses a partir de 15/10 caso não haja acordo.
Tal situação se refletiu nas exportações líquidas dos EUA, para o ano 2019/20, que se encerrou em 30/09, as quais somaram 1,04 milhão de toneladas na semana encerrada em 19 de setembro. Desde volume, a China liderou as compras com 391.400 toneladas (37,6% do total), enquanto o volume total ficou dentro das expectativas do mercado.
Nesta linha, a China anunciou interesse em comprar mais produtos agrícolas estadunidenses, especialmente soja e carne suína.
Outro motivo altista esteve no clima nos EUA. O excesso de chuvas nesta virada de mês começa a atrasar a colheita da soja naquele país, colheita esta já prejudicada pelo excesso de chuvas no plantio. Com isso, as perdas podem ser maiores do que já as expressivas 25 milhões de toneladas calculadas em comparação ao ano anterior. Até o dia 29/09 a colheita da oleaginosa nos EUA chegava a 7% da área, contra 20% na média histórica para esta data. Quanto as condições das lavouras a colher, 55% estavam entre boas a excelentes, 13% entre ruins a muito ruins e 32% regulares.
Em terceiro lugar, o relatório de estoques trimestrais do USDA, na posição 1º de setembro, anunciado em 30/09, apesar de indicar um volume 108% acima do registrado em igual período do ano anterior, acabou ficando abaixo do que o mercado esperava (24,8 milhões de toneladas, contra uma expectativa de 26,7 milhões). Além disso, o USDA revisou para baixo a última safra estadunidense, indicando que a mesma ficou em 120,5 milhões de toneladas (uma redução de 3,2 milhões de toneladas).
Enfim, houve movimento especulativo na Bolsa, com operadores comprando contratos de soja visando cobertura de posições vendidas devido a virada de mês.
Nos últimos dois dias desta semana encerrada em 03/10 ajustes técnicos levaram a um recuo nas cotações, porém, com as mesmas ainda se mantendo acima dos US$ 9,00/bushel para o primeiro mês cotado.
No Brasil, apoiados pela recuperação de Chicago e pelo câmbio, que se manteve ao redor de R$ 4,15 (e até mais em alguns momentos da semana), os preços internos da oleaginosa voltaram a subir. Apenas os prêmios não acompanharam o movimento, recuando um pouco mais, na esteira de um possível acordo entre EUA e China. Os mesmos ficaram entre US$ 0,75 e US$ 0,90/bushel. Mesmo assim, dentro da média para esta época do ano em condições normais de mercado.
Diante disso, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 76,76/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 83,00 e R$ 83,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram nos seguintes valores médios: R$ 82,00/saco no Paraná; R$ 73,00 em Sorriso (MT); R$ 79,00 em São Gabriel (MS); R$ 78,00 em Goiatuba (GO); R$ 84,50 em Campos Novos (SC); R$ 76,00 em Uruçuí (PI); e R$ 75,00/saco em Pedro Afonso (TO).
Dito isso, a projeção privada para a nova safra de soja brasileira, que começou lentamente a ser semeada, apesar da falta de chuvas em regiões produtoras do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, apontam um volume final de 125,7 milhões de toneladas, contra 119,3 milhões nesta última colheita. A área semeada será de 36,94 milhões de hectares, contra 36,2 milhões no último plantio, e a produtividade média nacional ficaria em 3.421 quilos/hectare (57 sacos/hectare). O Mato Grosso deverá colher 33,1 milhões de toneladas (+2,4% sobre a safra anterior); o Paraná 20 milhões de toneladas (+18,3%), o Rio Grande do Sul 19,9 milhões (-2,3%) e Goiás 12,8 milhões de toneladas (+3,7%). Estes quatro principais Estados produtores representarão 68% do total nacional.