RS: chuvas beneficiam lavouras de soja

De acordo com o Informativo Conjuntural, produzido e divulgado nesta quinta-feira (10/02) pela Gerência de Planejamento da Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seadpr), o porte predominante das lavouras varia de baixo a médio, com fechamento apenas parcial das entrelinhas. Nas cultivares com hábito de crescimento indeterminado percebeu-se aumento no porte, mesmo após o início do período de floração. Após as precipitações, em lavouras de melhor potencial foram realizadas adubações foliares com cálcio, boro e substâncias orgânicas, visando minimizar os efeitos da falta de umidade e temperaturas elevadas e estimular o crescimento e maior fixação de flores.
As lavouras situadas em áreas de solos arenosos, profundidade reduzida ou com topografia mais acidentada, sofreram maior estresse, e apresentam amarelamento e queda de folhas, denotando prejuízos mais expressivos, sobretudo nas cultivares de ciclo precoce que estão em plena fase de enchimento dos grãos e maturação.

A cultura da soja apresenta 42% da área cultivada em floração e 35% em enchimento de grãos. E na maior parte do Estado, as chuvas do último final de semana (04 a 06/02) ocorreram entre as fases de maior importância para definição da produtividade. No entanto, ainda persiste a expectativa de diminuição de 45% na projeção inicial. As lavouras em maturação totalizam 3% enquanto 20% ainda está em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo. E uma pequena parcela, ainda sem expressão estatística, foi colhida.

Veja como vai a cultura por regiões:

Na região de Bagé, na Fronteira Oeste, as chuvas em baixo volume e irregulares, beneficiaram as lavouras implantadas no mês de dezembro, que ainda estão na fase de desenvolvimento vegetativo. A estiagem causou danos irreversíveis em lavouras estabelecidas no início da época de plantio. Ocorre grande perda de folhas no terço inferior das plantas, abortamento de vagens, falhas na formação dos grãos e em casos extremos, mortalidade. A expectativa de redução de produtividade alcança 45% em São Gabriel e Rosário do Sul, 52% em Maçambará, 55% em Itaqui, 58% em Manoel Viana e 74% em Itacurubi.

Na Campanha, as perdas são menores, fruto de número maior de precipitações. As lavouras apresentam coloração verde mais escura, emitindo nova carga de flores, vagens e folhas, no entanto aquém da normalidade. As perdas estimadas no momento variam de 10% em Bagé e Candiota, até 30% em Dom Pedrito e Lavras do Sul. No aspecto fitosanitário, aumentou a infestação de lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens) nas áreas com cultivares Intacta, com a necessidade de controle. A presença de ácaros e tripes está menos intensa após a ocorrência de chuvas e diminuição nas temperaturas.

Na de Caxias do Sul, a manutenção da umidade beneficiou a cultura, porém já há perdas consolidadas e irreversíveis, acima de 30%. Na regional de Erechim, 30% da área cultivada está em desenvolvimento vegetativo, 70% em floração e início de formação de vagens. As lavouras apresentam porte reduzido e baixa carga de produção. As semeadas mais tarde ainda apresentam potencial satisfatório de produtividade.

Na de Frederico Westphalen, as chuvas ocorridas nos dias 04 e 05/02. foram fundamentas para emergência e estabelecimento das lavouras semeadas recentemente, na resteva da cultura do milho.

Na regional de Ijuí, as lavouras semeadas entre 20 e 30 de outubro são as mais prejudicadas e não apresentam possibilidade de recuperação de potencial. Estão em maturação e a produção pode não compensar a realização da colheita. Algumas foram colhidas, com produtividade entre 300 e 420 quilos por hectare, apresentando grãos com tegumento enrugado e mais de 50% esverdeados. Sojicultores que não possuem colheitadeiras não irão realizar a colheita nessas condições, pois além da baixa produtividade há baixa densidade de plantas, dificultando o recolhimento na plataforma de colheita. As lavouras semeadas em novembro apresentam porte mais alto, mas com baixo estande, devido a morte acentuada de plantas durante todo o ciclo do desenvolvimento. As semeadas em dezembro estão em estádio vegetativo, com maior área foliar, mas aquém do ideal para o ciclo da cultura.

Na de Porto Alegre, as lavouras afetadas pela estiagem estão reestabelecendo seu desenvolvimento e potencial produtivo. O cultivo tem 72% da área em fases reprodutivas, com boa formação de flores e vagens e sem perdas significativas de produtividade.

Na de Santa Rosa, mesmo com ocorrência de precipitações, as perdas na maior parte das lavouras são irreversíveis. Houve pequeno avanço na área semeada, alcançando 99% da área prevista inicialmente. Após as chuvas houve a retomada de alguns tratos culturais, mas empiricamente, parte dos produtores priorizam os tratamentos em lavouras que ainda apresentam potencial de produção mínimo de 900 quilos por hectare. Prosseguiu a demanda por Proagro e em parte, lavouras mais afetadas são liberadas com laudo único, pelo acumulado de perdas. Lavouras não financiadas, com danos elevados, estão sendo destinadas a pastoreio ou a confecção de feno de soja para alimentação animal.

Na de Soledade, a repetição da segunda semana com chuvas, intensificou o aumento de porte das plantas. Contudo, parte significativa das lavouras são com cultivares mais precoces com potencial produtivo prejudicado. No aspecto fitossanitário, o período anterior muito seco, prejudicou o controle em pós-emergência de plantas invasoras e parte dos cultivos apresentam infestação, principalmente de buva (Conyza spp).

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