A safra 2021/22 de cana-de-açúcar deve apresentar um recuo de 9,5%, em comparação com a safra anterior. Os números foram divulgados pelo 2º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Entre os principais motivos para o recuo estão a queda de 4,3% na área cultivada e de 5,5% na produtividade dos canaviais. A produção no campo também é limitada pela seca prolongada e pela ocorrência de geadas nos meses de junho e julho, que podem impactar também a safra de 2022/23.
Apesar da ampliação do mix de produção a favor do açúcar, em detrimento do etanol, a produção desta cultura na safra atual é limitada pela menor quantidade produzida no campo. Já a produção de etanol total (cana-de-açúcar e milho) deve apresentar um recuo de 10,8% em relação ao ciclo anterior, resultado da queda de 13,1% na produção de etanol de cana-de-açúcar. Estima-se um crescimento de 11,2% na produção de etanol proveniente de milho. A produção de etanol é limitada pelos problemas climáticos que prejudicaram a produção da cana-de-açúcar no campo.
Preços – A restrição da oferta interna do açúcar segue dando suporte ao aumento dos preços no mercado físico, com tendência de valorização no último trimestre de 2021 diante do cenário de queda da produção na safra 2021/22.
No mercado internacional, os preços do açúcar tendem a variações moderadas. O consumo mundial na safra 2021/22 deve atingir um recorde de 175 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 1,5% em relação ao ciclo anterior, influenciando na redução dos estoques globais, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O documento também mostra que houve tendência de alta dos preços dos combustíveis neste último trimestre de 2021, movimento que é acentuado no caso dos etanóis anidro e hidratado em razão das adversidades climáticas que limitaram a produção da matéria-prima no campo.
Exportações – No acumulado dos primeiros seis meses da safra 2021/22 (abril a setembro), o Brasil exportou cerca de 14,6 milhões de toneladas de açúcar, o que corresponde a uma redução de 12,3% na comparação com igual período do ciclo anterior. Apesar do aumento dos preços internacionais na safra atual e da taxa de câmbio elevada no Brasil, a queda da produção interna restringe a disponibilidade de açúcar para exportação.
A exportação do etanol brasileiro no acumulado dos seis meses iniciais da safra 2021/22 atingiu um volume de 971,0 milhões de litros, o que representa um recuo de 33,6% na comparação com igual período da safra passada. A redução da produção na safra atual limita a disponibilidade de etanol para exportação. As importações também seguem limitadas na safra atual, desfavorecidas pela taxa de câmbio elevada no Brasil e tributação integral do etanol proveniente dos Estados Unidos desde o final de 2020. No acumulado de abril a setembro deste ano, o Brasil importou cerca de 81,4 milhões de litros de etanol, o que corresponde a uma redução de 68,7% em relação ao mesmo
período do ciclo anterior.
Também traz o alerta para o La Niña. No dia 14 de outubro de 2021, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos publicou uma nota indicando um cenário com 87,0% de chances de ocorrer La Niña entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Sob a influência deste fenômeno no Brasil, aumenta a probabilidade de chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste e de redução das chuvas no Sul do país. Nas regiões Sudeste e CentroOeste, os efeitos são menos previsíveis.