Até 2021 todos os produtos hortifrutícolas comercializados in natura devem estar devidamente adequados ao conjunto de procedimentos envolvendo a rastreabilidade. Até o momento, as culturas do grupo 1 (citros, maçã, uva, batata, alface, repolho, tomate e pepino) já têm a obrigatoriedade de estarem com a rastreabilidade plena, enquanto os produtos dos grupos 2 e 3 devem entrar em vigência plena em 1º/08/2020 e em 1º/08/2021, respectivamente.
Mas, apesar da primeira Instrução Normativa sobre o assunto ter sido publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) lá em 2018, muitos produtores ainda são cercados de dúvidas, principalmente no que diz respeita a rastreabilidade.
*O que é rastreabilidade*
A rastreabilidade dos alimentos se tornou uma aliada para garantir a segurança alimentar e agregar valor ao produto. O processo de rastreabilidade possibilita uma maior segurança sobre a qualidade do alimento produzido no campo e, também, ao longo da cadeia produtiva. Através de um controle detalhado, é possível identificar as etapas do cultivo, a localização e o produtor responsável por aquele alimento.
*Como vai ser a identificação*
O produto deverá informar o endereço completo, nome variedade ou cultivar, quantidade, lote, data de produção, fornecedor e identificação (CPF, CNPJ ou Inscrição Estadual).
A identificação pode ser realizada de diversas formas. Por meio de etiquetas impressas com caracteres alfanuméricos, códigos de barra e QR Code.
*Como implantar *
Nesse cenário, o papel das agtechs – startups voltadas para a tecnologia no agro – tem sido indispensável. Uma dessas startups é a Elysios Agricultura Inteligente, que desenvolveu a plataforma Demetra, voltada para a rastreabilidade, controle e automação de hortifruti. O aplicativo funciona como um caderno de campo digital, em que o produtor rural registra as atividades do dia a dia, de maneira fácil e prática, promovendo um rastreamento do alimento, que é hoje uma exigência no cultivo de frutas e hortaliças.
Esse rastreamento é feito através de etiquetas, os chamados QR Codes, com leitura através da câmera do celular. Cada lote recebe um código, que é único e acompanha o alimento em todo seu trajeto. Na prática, equivale ao registro de informações relativas à origem dos alimentos, que podem ser consultadas a qualquer momento.
De acordo com a startup, que atende produtores da vitivinicultura, citricultura e produtores de hortaliças, a etiqueta é uma referência ao lote, que permite até mesmo saber de que área da plantação veio, quais tratamentos aquela área recebeu. Também é possível saber se o produtor respeitou o período de carência ao fazer a colheita e se aplicou somente produtos autorizados para aquela cultura.
“A etiqueta é uma ferramenta que permite começar a fiscalizar a adoção de boas práticas dos produtores. Porém, o consumidor não fica sabendo de todos esses dados, mas em caso de fiscalização, é possível chegar a tudo isso. O consumidor só fica sabendo de onde veio e qual o número do lote”, explica Mário Apollo Brito, responsável comercial da Elysios.
*As vantagens para o produtor e consumidor*
Esse modelo de produção apresenta vantagens para quem produz e para quem consome, como explica Brito. “Para o produtor, é a comprovação da origem do alimento, que é hoje um diferencial de mercado valioso. Também agrega valor pelo produto ser mais seguro e mostrar profissionalismo da produção. E, para o consumidor, é a segurança alimentar que esse rastreio traz. Assim, ele pode saber de onde vem o alimento e quem produziu. Aproxima o consumidor do produtor”, explica Mário.
Para o produtor Matheus Ludwig, do município de Bom Princípio (RS), a adesão ao rastreamento de sua produção trouxe não apenas a segurança, mas um aumento nas vendas. “Esse sistema de rastreabilidade aumentou em 20 % as vendas dos meus produtos, pelo fato de ser um produto rastreável”, destaca o produtor, que comercializa cerca de 1 tonelada por mês de morangos e tomate-cereja.
Outro aspecto que acelerou a adesão dos produtores por ferramentas ligadas a rastreabilidade foi a pandemia do Covid -19, alterando as relações de consumo e antecipando a necessidade de buscar novos mercados.
“Estava disposto a fazer essa mudança para poder dar segurança ao meu cliente. Levou aproximadamente 3 meses para implantar e deixar tudo certo para ter a rastreabilidade e valeu muito a pena, ter a possibilidade de entregar um produto saudável ao consumidor”, lembra Matheus.