Além do câmbio, disputa entre mercado interno e externo também dá suporte à soja nacional
A semana começa com alta para os preços da soja na Bolsa de Chicago. Os futuros da commodity, por volta de 6h45 (horário de Brasília), subiam entre 3,50 e 4,50 pontos no pregão desta segunda-feira (25). Assim, o contrato janeiro era cotado a US$ 9,00, enquanto o o maio tinha US$ 9,29 por bushel.
O mercado recupera parte das baixas da última semana, mas se mantém na defensiva à espera de notícias fortes e consistentes. Os preços buscam se reestabelecer após baterem nas mínimas de oito semanas – na última sexta-feira (22) – e a guerra comercial segue no centro das discussões, trazendo ainda muita incerteza ao andamento dos negócios.
As últimas informações dão conta de que um acordo entre os dois países estaria “bastante próximo”, segundo o presidente americano Donald Trump, ao passo que as negociações ainda esbarram em questões espinhosas para os dois países como tecnologia e propriedade intelectual.
“O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Robert O’Brien, disse no sábado que um acordo comercial inicial com a China ainda é possível até o final do ano, mas alertou que Washington não fechará os olhos para o que acontece em Hong Kong”, noticiou a agência Reuters nesta segunda-feira.
Em paralelo, os traders acompanham ainda todas as notícias ligadas à conclusão da nova safra de grãos dos EUA e espera pelo novo boletim semanal de acompanhamento de safras que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta segunda, após o fechamento do mercado. Na última semana, a colheita da soja já estava concluída em 91% da área.
Na outra ponta, atenção ao desenvolvimento da temporada na América do Sul, com o mercado acompanhando o plantio da soja no Brasil, Argentina e Paraguai. Os trabalhos de campo estão adiantados no Brasil e as condições climáticas começam a se regularizar. Ainda assim, algumas regiões ainda sofrem com a falta de chuvas ou uma menor abragência das precipitações, causando sérios problemas.
Quem lidera os trabalhos de campo são os estados de Mato Grosso e Paraná, como tradicionalmente acontece, onde mais de 90% da semeadura da oleaginosa está concluída.
“A safra 2019/20 do Brasil segue com projeção de área de pouco mais de 37,4 milhões de hectares frente aos 36,4 milhões deste último ano. O clima, aos poucos, vai se normalizando, mantendo o potencial de colheita acima das 122 milhões de toneladas frente as 115,5 milhões colhidas neste ano”, diz Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
NEGÓCIOS NO BRASIL
A nova semana para os negócios no Brasil, ainda segundo Brandalizze, começa com o foco dos produtores e negociadores focados no dólar. O câmbio, nos útlimos dias, tem sido uma das principais pernas de formação dos preços aqui no mercado nacional e ainda deverá contar com muita volatilidade, portanto, muita atenção.
Além disso, alguma disputa ainda entre o mercado interno e a exportação também contribui. Da safra nova já são cerca de 35% comercializados, enquanto da safra velha quase não há mais soja para ser negociada.
“O mercado deve se manter de olho no dólar, que seguirá sendo o fator de suporte para os indicativos, com grandes chances de manutenção e até leve pressão positiva para o grão que vai para a demanda interna. Afinal, as indústrias devem vir a campo para se abastecer, mas os portos seguirão firmes em função da guerra comercial entre os EUA e China. A disputa entre chineses e americanos deve manter boa presença de compradores nos portos brasileiros e assim,
como estamos no pico da entressafra e há pouca soja para ser negociada, há um apelo para manutenção e
até para alguns ajustes positivos”, explica Brandalizze.
Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas