Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque oscilaram bastante
O mercado físico de café no Brasil apresentou-se comprador, mas com volume pequeno de negócios fechados, bem abaixo do usual para esta época do ano. Nas bases de preços oferecidas pelos interessados, os cafeicultores brasileiros não mostram interesse em colocar a venda seus lotes da nova safra 2019/2020. Consideram, com razão, que os valores oferecidos não remuneram os custos de produção e os riscos que correm com as incertezas climáticas. Estão bastante preocupados com o aumento dos custos de produção e com a frequência cada vez maior de eventos climáticos não usuais.
Tudo parece estar mudando. Ausência de chuvas nos períodos necessários e chuvas inesperadas quando o tempo seco é o usual e indispensável para a colheita de uma safra de boa qualidade. Temperaturas acima da média por longos períodos e agora a passagem da última forte e extensa frente fria confirmou que este tipo de evento ainda pode ocorrer, o que muitos achavam um perigo afastado com as mudanças climáticas.
Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque oscilaram bastante, alternando dias de fechamento em alta com dias de fechamento em baixa, mas fecham a semana com balanço positivo. Os contratos com vencimento em setembro próximo acumularam 65 pontos de alta. Tensionada no mercado internacional pelo impasse nas discussões comerciais entre Estados Unidos e China, e no Brasil com o bom andamento das negociações para a aprovação da Reforma da Previdência, a cotação do dólar oscilou bastante frente ao real e fecha a semana com valor pouco acima de sexta-feira passada.
Agrônomos e cafeicultores continuam avaliando as perdas com a forte frente fria que atingiu os cafezais brasileiros no primeiro final de semana deste mês de julho. É provável que não tenham condições de nos darem tão cedo uma visão melhor dos danos para a próxima safra de café 2020/2021. As chuvas que caíram fora de hora, alguns dias antes da chegada da frente fria, em pleno início de inverno, sobre diversas regiões produtoras de café, estão induzindo a abertura, também fora de hora, de floradas em pleno mês de julho. É mais um evento que deve levar a perdas na safra brasileira 2020/2021.
O café solúvel ocupa um importante espaço nas exportações brasileiras de café, mas representa apenas 5% de nosso consumo interno, com aproximadamente 1 milhão de sacas por ano. Com o objetivo de ampliar sua fatia no consumo doméstico, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) lançou esta semana uma marca setorial para o produto, a “Crie & Curta”. A meta é dobrar o consumo interno até 2026 e pular de 5% para 8% do consumo total. Uma versão em inglês – “Enjoy & Explore” – será utilizada para identificar o produto destinado à exportação.
Três empresas anunciaram a intenção de investir no total R$ 1 bilhão até 2022 na ampliação de capacidade e construção de novas unidades para produção de café solúvel no Brasil. A Cia. Cacique de Café Solúvel anunciou em dezembro que investirá US$ 60 milhões em uma segunda planta, em Linhares (ES), enquanto a Olam – trading de commodities agrícolas com sede em Cingapura – projeta aplicar US$ 130 milhões em uma fábrica, também no Espírito Santo. A Cia. Iguaçu de Café Solúvel, por sua vez, ampliará sua capacidade de produção em Cornélio Procópio no Estado do Paraná.
O Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) bateu o recorde de liberação de recursos na safra 2018/2019, conforme levantamento da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Foram repassados R$ 3,5 bilhões ao setor, dos R$ 4,2 bilhões disponibilizados nos agentes financeiros entre 1º de julho de 2018 e 30 de junho deste ano. Esse volume representa um crescimento de aproximadamente 35% sobre o ciclo antecedente e de 17% ante o recorde anterior, na temporada 2016/2017 (R$ 3 bilhões).
A “Green Coffee Association” divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.820.123 em 30 de junho de 2019. Uma alta de 210.255 sacas em relação às 6.609.868 sacas existentes em 31 de maio de 2019. Até dia 19, os embarques de julho estavam em 902.066 sacas de café arábica, 166.185 sacas de café conilon, mais 73.169 sacas de café solúvel, totalizando 1.141.420 sacas embarcadas, contra 1.121.682 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 2.098.444 sacas, contra 2.529.370 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque (ICE) do fechamento do dia 12, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 19, subiu nos contratos para entrega em setembro próximo 65 pontos ou US$ 0,86 (R$ 3,22) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam, no dia 12, a R$ 527,34 por saca, e hoje, dia 19, a R$ 531,55.