Milho tem potencial em área arrozeira

Pelo menos nas últimas duas ou três safras o assunto diversificação na lavoura de arroz tem ganhado espaço. Já abordamos aqui os desafios da soja na várzea. A oleaginosa vem ganhando espaço na lavoura orizícola seja como rotação ou sucessão de culturas, inclusive no sistema de Integração Lavoura Pecuária (ILP). A cultura teve rápida expansão nos últimos dez anos, passando de pouco mais de 10 mil hectares na safra 09/10 para 341 mil hectares na safra 19/20. O percentual representa 35% da área total cultivada com arroz. Os dados são do Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA)

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Além da soja, tem havido interesse em outras culturas de sequeiro na primavera-verão, como o milho. O cereal, além de valorizado no mercado, tem tido incentivo do governo do Rio Grande do Sul, com o Programa Pró-Milho, como forma de atingir a autossuficiência do grão e reduzir gastos com importação do centro do país.

Uma circular técnica do IRGA, assinada pelo consultor técnico e professor aposentado do Departamento de Plantas de Lavoura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Regis Ferreira da Silva, pelo professor de Fitotecnica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Enio Marchesan e pelo consultor técnico e professor Aposentado do Departamento de Solos, da UFRGS, Ibanor Anghinoni, aponta os desafios e potencialidades do cultivo de milho em áreas de arroz.

Pesquisas sobre milho em áreas de arroz irrigado vêm sendo realizadas ao longo dos anos mas a área ainda é inexpressiva, especialmente na Metade Sul, área com grande aptidão. Além de ser opção econômica, o milho traz outras vantagens. Em aspectos de manejo ajuda no controle do arroz daninho e outras plantas já resistentes a herbicidas permitindo que se volte a plantar arroz em áreas que foram inviabilizadas por esse cenário. Também permite usar outras moléculas no manejo de forma eficiente.

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Outro benefício técnico do cultivo do milho nessas áreas relaciona-se à ciclagem de nutrientes, originada pelo alto aporte de resíduo remanescente e seu efeito positivo na fertilidade do solo, ao longo do tempo, com incremento de matéria orgânica.

O milho abre possibilidade para outros negócios como rações, aves, suínos, gado leiteiro e de corte. Também permite aproveitar a irrigação do arroz para períodos de seca e assim, manter a produtividade mesmo em anos de estiagem como foi este. O produtor também otimiza a mão-de-obra presente e diminui a ociosidade das máquinas.

No aspecto ambiental, a implantação do milho em rotação com arroz irrigado pode contribuir ciência de uso de insumos?para aumentar a e agrícolas e diminuir o uso de agrotóxicos para controle de plantas daninhas, pragas e doenças, reduzindo, dessa forma, o custo de produção.

Para os especialistas os desafios de convivência das duas culturas passa pelo conhecimento agronômico de cada uma e suas diferenças; observar se há logística para escoamento mas principalmente “ estar ciente do sistema de drenagem; mitigar possíveis efeitos de compactação do solo e corrigir a acidez e a fertilidade do solo”.

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